“Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha abandonado, por amor do reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos que não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna” (Lc 18, 29-30)
E se você ouvisse essa frase de Jesus hoje, o que você faria? Largar tudo e seguir o convite do Senhor não é fácil, muitas vezes o despertar é para deixarmos de lado tudo que carregamos de ruim dentro de nós. Mas e quando este chamado se estende e vai além, pedindo que deixemos a nossa vida em favor do outro?
Esta foi a pergunta ouvida por todos os irmãos que abraçaram a causa do Pontos Coração. Este movimento da Igreja foi fundado em 1990 pelo Padre Francês Thierry de Roucy, muito tocado pelo estado de abandono e solidão de muitas crianças. Ele sentiu o chamado para fundar pequenas casas dentro das favelas, ocupadas por quatro ou cinco jovens que quisessem doar um ou dois anos de suas vidas e assim viver dias de oração em comunidade, formando uma pequena família e assumindo uma missão. Eles são um ponto de ternura e refúgio dentro de um ambiente muitas vezes de misérias e tristezas.
O carisma do Pontos Coração está na compaixão e amor àqueles que sofrem, os voluntários são chamados a doarem um pouco de si para trazer alegria e conforto aos seus corações, criando laços de amizade .
No Brasil, a Pontos Coração encontra-se na Bahia, o responsável por este trabalho é o Padre Arnaud Malartic, também francês, que está há cinco anos em nosso país e há três anos é sacerdote. Sua primeira experiência com o Senhor foi em Medjugorje, lá sentiu em seu coração uma necessidade de ajudar e fazer algo por alguém, bateu a porta da Pontos coração e hoje é peça chave neste trabalho.
“Nossa primeira fundação foi na Bahia, lá estamos em duas favelas e também temos um local mais específico que fica a 30 km de Salvador. É um pequeno sítio com oito casas, lá recebemos crianças, pessoas de rua e abandonadas. Somos 40 pessoas, eu também moro neste local”, explica Padre Arnaud.
O sacerdote ficou dois anos na casa de Pontos Coração em Lima, no Peru. De acordo com ele as pessoas necessitavam de alguém para partilhar o dia-a-dia: “As duas frases que mais ouvia daquelas pessoas eram: “Visita-me e reze por mim”. As crianças só queriam brincar, eles tinham desejos de coisas simples que nós esquecemos”.
Se você está achando que para fazer parte deste trabalho é preciso ser padre ou freira, está enganado, este movimento também é um chamado para os leigos!
Para ser voluntário é preciso ter terminado os estudos, assim, antes de iniciar uma carreira ou se casar, ele é enviado para uma das 20 unidades do Pontos Coração espalhadas pelo mundo. Foi assim com Jonathan Aur, americano do estado de Missouri, com apenas 18 anos ele decidiu fazer parte dessa obra e veio para o Brasil, está há oito meses na Bahia, dentro da favela, convivendo com os moradores da região, dentre eles traficantes, crianças, idosos e doentes.
Jonathan nos conta uma experiência que o tocou profundamente: “Às 3h da manhã uma senhora bêbada bateu a porta de nossa casa pedindo pão, eu a perguntei se não havia pão em sua casa e ela me respondeu: “essa é a minha casa”, nos sentamos e comemos pão juntos”.
Daqui a três meses, ele volta a sua cidade para retomar sua vida e ingressar na faculdade, mas vai com sentimento de saudade e com a certeza de que aprendeu muitas coisas: “Hoje tenho vontade de servir, dar mais de mim, não estou lá por mim, mas pelo Senhor e pelas pessoas. Queria ser arquiteto, mas hoje vou estudar para ser médico e ter a oportunidade de continuar servindo” disse o jovem.
A Pontos coração sobrevive da providência Divina e das pessoas que ajudam com suas doações espontâneas, além disso, cada jovem antes de sair deve procurar padrinhos financeiros e espirituais para as crianças, eles se comprometem a doar a quantia que podem para o sustento da missão.
Se você sente em seu coração um chamado forte a fazer a diferença na vida de alguém e sabe que precisa mergulhar em águas mais profundas, se informe mais sobre esta missão! Quem sabe Deus quer você abraçando e consolando uma criança do outro lado do mundo.
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| Pe. Arnaud na palestra para o Grupo de Jovens "Na Fenda da Rocha" |
“A maior ajuda para nós é entrar em nosso olhar, que as pessoas vejam como nós a solidão que existe no mundo, não unicamente nas favelas, mas em muitos lugares e com o dom da amizade tentar remediá-la”. Pe. Arnaud.
Uma criança precisa sobretudo ser amada, ser escutada e receber carinho.
Precisa de um coração que seja um refúgio para ela;
Uma presença paterna e materna;
Uma presença de um irmão ou de um amigo;
Uma presença do Amor;
Uma presença que só Deus pode preencher."
