quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

RIOENTREVISTA Pastor Sérgio Franco


Padre Antonio José, à esquerda, e Pastor Sérgio Franco.
Nesta entrevista, o Pastor Sérgio Franco, da Aliança Missionária de Discípulos (AMD), da Zona Oeste do Rio, conta como a fé em Jesus Cristo lhe ajudou a superar o mundo das drogas e revela alguns dos principais frutos da sua conversão.

Rio de Deus: Como foi o seu relacionamento com Jesus na infância?
Pastor Sérgio Franco:
Eu fui catequizado quando criança. Fiz catecismo, primeira comunhão e até participei do grupo de jovens da Igreja, em Magalhães de Bastos, bairro do subúrbio do Rio, ao lado da Vila Militar. Eu tinha um amigo chamado Firly Nascimento Filho e juntos nós conversávamos sobre a possibilidade de sermos padres quando adultos. Porém, na juventude me afastei completamente do convívio da igreja e me envolvi com as drogas.

Como aconteceu o seu encontro pessoal com Jesus?Aos 24 anos, em processo de separação conjugal, viciado, adúltero e completamente sem projeto de vida, fui evangelizado por cristãos evangélicos da Igreja Congregacional, em Realengo, cujo pastor se chamava Paulo Welte. Confessei a minha fé no dia 04 de dezembro de 1984 e no dia 31 daquele ano, confirmei, por meio do batismo, a minha decisão de seguir o Senhor Jesus.

Quais foram as principais mudanças na sua vida?Na condição em que me encontrava, parece-me que tudo precisava ser mudado. Mas se eu fosse resumir de forma simples seria assim: quando o meu relacionamento com Deus Pai foi restaurado por meio de Jesus Cristo, eu me encontrei. Ao receber o amor de Deus, eu recebi também uma nova identidade e, desta forma, comecei um processo de aprender a me relacionar com Deus. Quando isso aconteceu, eu aprendi a me relacionar com os demais: comigo mesmo, com a família, com a igreja e com a sociedade. Eu precisei reaprender tudo, uma vez que havia me tornado uma ovelha negra e já não sabia mais nada sobre o amor. As principais mudanças na minha vida passam pela maneira como eu comecei a me relacionar e este relacionamento só foi possível quando o Senhor entrou na minha vida. Eu costumo dizer que o relacionamento com Deus é como um diapasão, se eu estou afinado com Ele posso me afinar com todos os demais. A minha relação teológica governa a psicológica, sociológica e até ecológica...(risos).

Quem foram os principais instrumentos de Deus na sua conversão?Eu penso que além do Paulo Welte, que era pastor naquela congregação, outros irmãos semearam na minha vida. Um que eu não me esqueço era analfabeto, se chamava Abraão e eu lia a bíblia para ele e ele me explicava. Pode?! Estes amados, com o amor de Jesus, mudaram o meu coração, “quando sem destino algum caminhava sem rumo para o inferno, eles estenderam suas mãos pra mim.” Eu sou grato eternamente a Deus por estes amados.

Qual é a Palavra da Sagrada Escritura que mais marcou a sua vida?
Vou transcrever aquela que me desafiou a ser mais do que um religioso: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14,33).

Como surgiu o chamado para ser pastor?
Quando eu me converti, aprendi a compartilhar a minha fé e fazia isso naturalmente, porém nunca me vi com a responsabilidade de cuidar de outras pessoas, além da minha própria família. Quando Deus me chamou, eu não acreditei que era a Sua voz porque eu não via em mim condições de atender a este chamado. Eu fui vocacionado quando era ainda novo na fé e estava num processo de libertação e cura. Apesar disso, o Espírito Santo me chamou. Eu só acreditei que era Deus quando li na Escritura Sagrada estas verdades: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Coríntios 1, 26-31). Ao ler estas palavras concluí: ”realmente Ele me chamou”.

Quais são os principais desafios desse ministério?Não desviar do alvo que é SE PARECER COM CRISTO. Não se desviar da missão que é SER E FAZER DISCÍPULOS. Construir relacionamentos autênticos sem hipocrisia. Aplicar as verdades e mandamentos à vida. Buscar um pastoreio equilibrado. Assegurar que todas as pessoas que frequentam as reuniões da Igreja estejam debaixo de discipulado, bem vinculadas e pastoreadas.
 
Como foi o seu relacionamento com o seu pai no passado e como está agora?
Eu sou filho de mãe solteira. O meu pai que era um homem casado, adulterou e deste adultério nasceram dois filhos: A minha irmã que se chama Diva e eu. Vi o meu pai quando criança, mas ele, que era casado e já tinha filhos, um dia encontrou Jesus, se arrependeu e abandonou o adultério e, sem muita ajuda pastoral, nos deixou e viajou para outro estado com sua verdadeira família. Por estas e por outras cresci muito revoltado com a vida. A minha mãe sempre foi uma mulher “guerreira”. Ela assumiu a criação dos filhos, mesmo vivendo em condições muito precárias à margem de uma favela chamada “Curral das éguas”. Eu penso que esta falta de referência paterna me trouxe na juventude muitos males, mas como testemunhei, aos vinte e quatro anos tudo isso mudou.
Assim que eu me converti, eu me apeguei a Palavra e lá eu ouvia as instruções do Espírito Santo. Aos 27 anos, comecei a crer que a igreja está num processo de restauração, pois o Senhor Jesus virá para uma noiva sem mancha, sem ruga e sem mácula. Logo, todas as rugas, manchas e nódoas da igreja serão lavadas pelo Espírito Santo através da Sua Palavra, conforme Paulo descreve em sua carta aos efésios. E como eu vivia intensamente esta visão, tudo o que se relacionava a restauração me chamava muito atenção, foi quando estes textos me confrontaram:
“Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Malaquias 3,24).
“Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas” (Mateus 17,11).
“Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará todas as coisas; como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado?” (Marcos 9,12)
Eu entendi que a interpretação que Jesus deu à profecia de Malaquias (ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais) é o principio da restauração de todas as coisas. Ou seja, que se eu buscava de fato a restauração, isso só seria possível quando o meu coração se convertesse ao meu pai e o dele ao meu.
Naquele ano (1988), eu busquei um contato com o meu pai apenas para pedir perdão a ele, dizer que eu também o perdoava, que eu entendia que ele tomou a decisão certa ao retornar para a sua família e para orar pelo seu estômago, pois o Espírito Santo me disse que o meu pai estava enfermo do estômago e que eu deveria orar por ele. Necessitei investigar para descobrir onde o meu pai estava residindo. Foi um encontro rápido, mas creio que determinante para o que Deus estava para fazer. “Lancei o meu pão sobre as águas”. Naquele dia o Senhor curou o estômago do meu pai, mas apesar disso o nosso relacionamento se resumiu naquele único encontro.
Onze anos mais tarde, ao chegar em casa, encontrei uma mensagem na minhas secretária eletrônica da parte do meu pai. Ele estava enfermo, crendo que iria morrer naqueles dias e gostaria de nos apresentar (minha irmã e eu) aos seus familiares.
Desde então, o meu pai é meu amigo, irmão e incentivador. Gostaria de escrever um livro e gravar várias mensagens contando todos os detalhes deste testemunho de restauração. Existem alguns DVDs, pois eu não me canso de falar sobre isso. Até a minha mãe teve a oportunidade de restaurar tudo com a esposa do meu pai (Jacira) e com todos envolvidos nesta história.

O que é preciso lembrar sempre?
Que o meu alvo é me parecer com Cristo, conforme está escrito: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8,29). Necessito prosseguir para o Alvo, para que o Senhor Jesus seja o primogênito de uma grande família. Para que o Pai tenha UMA família com MUITOS filhos, SEMELHANTES a Jesus. Para que o Espírito Santo siga trabalhando em mim.

Como surgiu a idéia de criar um blog? Fale um pouco desse desafio de ir para as águas mais profundas para evangelizar o mundo pela rede.Na verdade a ideia não foi minha. Eu já tinha um site (www.amd7.org) e um outro blog. Um dia, quando visitava um casal de missionários em Vila Velha – ES (Flávio e Vanessa), fui apresentado por ele a um blog que se chamava Servo Livre. Ele se inspirou num antigo e-mail que eu possuía, só que ele não sabia que o e-mail era o significado do meu nome: Servo = Sérgio e Livre = Franco. Então foi aquela brincadeira, todos riram muito dizendo que ele me amava tanto que até construiu um blog em minha homenagem com o meu nome. Daí nasceu o blog. Eu já tinha um blog chamado Perguntas e Respostas que nasceu com o propósito de responder de uma forma mais abrangente algumas perguntas que me faziam durante as minhas viagens. Devido ao curto tempo em meus deslocamentos, eu não queria ser superficial nas respostas, então pensei em criar um canal mais rápido e pessoal que o site da AMD que já existia. Desta forma, juntamos os dois blogs. Eu desisti do Perguntas e Respostas e ele, Flávio Peixoto, me serviu com o Servo Livre. Foi muito divertido tudo isso (risos).

Quais são os seus grandes sonhos e projetos para 2011?
Sonhos são os mesmos que Deus já plantou no meu coração durante anos e que já descrevi um pouco em minhas respostas anteriores. Já os projetos, são dois basicamente: um que envolve a obra de fazer discípulos no nosso estado (RJ) por meio dos solteiros da igreja. Este projeto vamos iniciar oficialmente, se Deus quiser, no feriado de carnaval, num retiro que acontece todos os anos no Monte do Santíssimo. Já o outro eu não posso falar ainda pois é “secreto”... (risos). Na verdade, estamos orando, ele ainda está sendo gerado e é um grande desafio para mim.

O Pr. Sérgio Franco, que é casado com Denise Franco e pai de um casal de filhos, também é responsável pela supervisão da obra extra local em várias cidades do Brasil e do exterior. Além de pregar a Palavra de Deus em diversos lugares, também publicou alguns livros em português e espanhol e é autor de algumas canções gravadas e disponibilizadas no site da AMD (www.amd7.org).

Outras informações:
Site da igreja local – www.igrejanorio.com.br
Site da Obra extra local – www.amd7.org
Blog pessoal – www.servolivre.com
Twitter – @francoamd7



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